A primeira coisa que gostaria de deixar bem claro é que este post não vai tratar de uma fórmula mágica de como trabalhar análise de textos com alunos do ensino médio. A segunda coisa é que a afirmação de que "devemos pensar um outro eu que não eu", é uma afirmação que não pertence ao campo filosófico, e sim, faz parte de um curso de autoajuda que talvez não seja relevante pra qualquer área do ensino. Se você realmente acha que é possível fazer isso, na boa, pense melhor!
A maioria dos educadores que trabalha com filosofia pensa em sistematizar o ensino de modo que o aluno consiga entender aquilo que é trabalhado como sendo um processo unilateral. Isso quer dizer que se o sujeito aprende algo, ele deve aprender mediante um método eficaz que proporcione o conforto de certo entendimento, sem se analisar a proporção que certas afirmações podem alcançar quando que apreendidas pelo aluno de certa forma. O ensino de filosofia não é unilateral, nunca foi, nunca será (jamé). Se eu penso que os meus alunos são sujeitos pensantes, que possuem linhas de raciocínio distintas, que possuem certos graus de dificuldades de compreensão das coisas, então devo pensar uma aula voltada a todos esses sujeitos agentes em formação. Portanto, não posso pensar de uma forma puramente esquematizada sem me dar ao trabalho de analisar essas questões. Com isso não quero dizer que o ensino de filosofia deva ser relativo e sem qualquer organização ou ordem predisposta, ou que a filosofia compreende ideias distintas e que devemos respeitá-las porque estamos tratando de opiniões que retratam o modo de pensar das pessoas. Acredito sinceramente que isso é uma grande bobagem! Tbm não quero dizer com isso que devemos desrespeitar os outros. Estou dizendo que as opiniões, mesmo que respeitadas devem ser discutidas e colocadas em pauta de modo satisfatório, onde os argumentos que fundam as nossas opiniões sejam apresentados de modo que suscite uma discussão saudável.
A maioria dos educadores que trabalha com filosofia pensa em sistematizar o ensino de modo que o aluno consiga entender aquilo que é trabalhado como sendo um processo unilateral. Isso quer dizer que se o sujeito aprende algo, ele deve aprender mediante um método eficaz que proporcione o conforto de certo entendimento, sem se analisar a proporção que certas afirmações podem alcançar quando que apreendidas pelo aluno de certa forma. O ensino de filosofia não é unilateral, nunca foi, nunca será (jamé). Se eu penso que os meus alunos são sujeitos pensantes, que possuem linhas de raciocínio distintas, que possuem certos graus de dificuldades de compreensão das coisas, então devo pensar uma aula voltada a todos esses sujeitos agentes em formação. Portanto, não posso pensar de uma forma puramente esquematizada sem me dar ao trabalho de analisar essas questões. Com isso não quero dizer que o ensino de filosofia deva ser relativo e sem qualquer organização ou ordem predisposta, ou que a filosofia compreende ideias distintas e que devemos respeitá-las porque estamos tratando de opiniões que retratam o modo de pensar das pessoas. Acredito sinceramente que isso é uma grande bobagem! Tbm não quero dizer com isso que devemos desrespeitar os outros. Estou dizendo que as opiniões, mesmo que respeitadas devem ser discutidas e colocadas em pauta de modo satisfatório, onde os argumentos que fundam as nossas opiniões sejam apresentados de modo que suscite uma discussão saudável.
Esse
é um grande problema e é isso que quero deixar um pouco mais claro
ao decorrer deste post.
A
primeira coisa que devemos ter em mente, como salientado na
introdução, é um ensino voltado a análise da argumentos em um
primeiro momento. Isto quer dizer que se o sujeito entende que o
argumento que defende é coerente, é porque entende que a a
conclusão ao qual chega, segue-se de premissas que a sustenta: se há
algum problema estrutural na premissa que adota, ou que a conclusão
não se segue das premissas, é preciso fazer com que o sujeito
compreenda o problema em questão e busque de modo argumentado a
melhor solução possível para o problema. O que não quer dizer que
seja a solução ideal. Num segundo momento é preciso trabalhar a
redação de textos filosóficos e mostrar o como se faz isso. É
claro que não estou tratando de um assunto fácil, ou que essa seja
uma questão simples, e que não necessita trabalho árduo... muito
antes pelo contrário: quero deixar claro que essas atividades
envolvem muito esforço e força de vontade por parte do educador, o
que muitas vezes não notamos, porque estamos acostumados com coisas
simples que nos sejam confortáveis, ou ainda não temos
disponibilidade de tempo para fazer um bom trabalho, tendo em vista
que acabamos sendo responsabilizados por 15 turmas ou mais (ou bem
mais) na escola que trabalhamos. Por esse motivo, e por outros
motivos pedagógicos, se torna imprescindível o diálogo com a
disciplina de português, por exemplo, pois se o sujeito entende que
aquilo que faz é parte constituinte do aprender a se comunicar e a
expor as suas ideias, podemos notar que o papel da filosofia vai
muito além do ensino de coisas abstratas que nada têm a ver com a
vida dos nossos educandos.
Por
outro lado vemos constantemente o absurdo que muitos educadores fazem
ao dizer que devemos pensar as pessoas como sendo um eu que não eu.
É bonita tal afirmação, mas que cabe melhor em um livro de
autoajuda. Existe um problema conceitual ao que se refere o 'eu': eu
é eu, e não tu, ou eles. É difícil pensar um sujeito que não é
um sujeito, do mesmo modo é difícil pensar um eu que não eu. Se eu
começar a pensar os alunos como sendo um eu que não eu, eu caio num
problema de cunho existencial, porque eu estou tratando eles como eu
gostaria de ser tratada. Em outras palavras, se eu trato um sujeito
com desdém poderia estar deixando implícito no ar que eu também
gosto de ser tratada de igual modo, o que não é o caso (só se você
for extremamente sádico, gosto não se discute... claro que se
discute, mas não agora XD). A questão que deve ser melhor analisada,
portanto, é como eu trato os meus alunos. Chegamos a uma complicação
complexa XD. O que eu quero propor agora é que você pense na
formação que teve na faculdade sobre psicologia e o entendimento do
processo cognitivo do sujeito. Se você pensou e percebeu que não
teve uma cadeira sequer que trate desse tema, parabéns, somos dois!
Agora se você teve uma aula que deixou a desejar e que não tratou
como devia do assunto, você está num grupo maior ainda e mais
tenebroso: daqueles que acham que sabem sobre o processo cognitivo
humano. Ou seja, quer dizer que você não pode opinar? Claro que
pode, e é o que farei!
Já
ouvi muitas vezes que “Eu odiaria ser tratada como sendo um sujeito
não pensante, que não tenha as minhas próprias opiniões. Portanto
devo tratar os meus alunos do mesmo modo que gostaria”. Novamente,
você é educador, você não é o seu aluno, mas é certo que
ninguém gostaria de ser tratado como sendo um sujeito acrítico,
apolítico, acaralhaquatro. Mas isso não quer dizer que você deve
se colocar no lugar do seu aluno. Se você se colocasse no lugar do
seu aluno, você entenderia muito bem que a sua aula é uma porcaria
e que são legitimas as faltas que os seus alunos têm, ou ainda o
pouco interesse em estudar aquilo que está dando em aula, tampouco
aceitaria normalmente uma proposta de trabalho mal feita, sem
criticar, sem contar aos colegas. Se você pensa que enquanto aluno
gostaria de ter uma aula que nem a sua, engana-se ao pensar que todos
vão participar da sua aula de bom grado. Querendo ou não, quando um
sujeito é adolescente ele não pensa em como aproveitar certos
espaços de aprendizagem, e sim no como poderia se livrar do incomodo
que é saír de casa de manhã cedo, tomar banho, tomar café e pegar
um ônibus lotado pra ir até o colégio assistir uma aula de
filosofia que provavelmente ele não entende o porquê do estudo tão
desnecessário quanto esse. Claro existe aquele aluno que é interessado, que busca saber das coisas, etc., mas que mesmo assim não consegue manter um rigor nas suas ideias e disposições ao estudo. É isso que um professor que trabalha com psicologia da educação deveria nos dizer, e acabamos por vezes nos remetendo às lembranças do nosso passado escolar.
Muitos dos educadores, ao fazer esse exercício, compreendem que o aluno tem as suas necessidades que devem ser atendidas: mas você já parou pra pensar que ao retomar o tempo de colégio você poderia estar tratando os teus alunos como sendo "um outro eu que não eu"? As tuas necessidades educacionais são outras e não as mesmas que os teus alunos têm: os tempos são outros, as coisas mudam.
Muitos dos educadores, ao fazer esse exercício, compreendem que o aluno tem as suas necessidades que devem ser atendidas: mas você já parou pra pensar que ao retomar o tempo de colégio você poderia estar tratando os teus alunos como sendo "um outro eu que não eu"? As tuas necessidades educacionais são outras e não as mesmas que os teus alunos têm: os tempos são outros, as coisas mudam.
Você
continua tratando os seus alunos como sendo “um outro eu que não
eu”?